Como as mulheres vivem a guerra em Gaza e protegem seus filhos

Hadil afirma enfrentar o terror psicológico imposto pelo conflito. “Via pessoas morrendo em torno de mim. Não conseguia dormir, não conseguia pensar em como organizar minha vida. Só conseguia pensar em proteger meus filhos”a.

A principal preocupação é proteger as crianças e os adolescentes durante bombardeios. Antes de deixarem a casa deles em Gaza, Hadil e a família ouviam explosões de bombas em prédios vizinhos. “Peguei meus filhos à noite e conversei com eles para não se assustarem”, afirma. “Disse que estavam protegidos e que logo estariam longe dali.” Mesmo em meio aos escombros, Hadil inventava brincadeiras para distrair os filhos Adam, 12, Somaya, 13, Tala, 16 e Tareq, 18.

Hadil escapou dos bombardeios por acaso ao sair para a casa do pai. Porém, quando retornou, viu parte do imóvel destruído. Ela conta que em cerca de uma hora, que permaneceu fora de casa, foi o tempo para uma explosão atingir o apartamento.

Ela conta que estava cansada dos deslocamentos para escapar das bombas. “Passamos muito tempo de casa em casa, de escola em escola, de Gaza para Rafah.” Ela ressalta o forte estressa causado pela vida nessas condições. “Meus filhos também precisam se recuperar desse estresse. É uma forma de violência.”

Após 30 anos, Hadil, o marido, Mohammad Farahat, e os quatro filhos deixaram Gaza. O medo, o estresse e a falta de segurança, alimentação, abrigos, remédios e água foram deterninantes para que buscassem ajuda para deixar a região. A família se deslocou quatro vezes dentro de Gaza — depois conseguiu chegar ao Egito e embarcar para o Brasil.

Diria às mulheres de Gaza para que continuem fortes. Sejam pacientes porque o genocídio vai terminar. Elas poderão sair novamente para as ruas. Poderão, levar os filhos às escolas e ir ao trabalho.
Hadil Youssef Farahat, mulher brasileira-palestina

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